Uma das primeiras medidas tomadas por Rafael Correa em 2007, quando assumiu a presidência do Equador, foi empossar uma Comissão de Auditoria da Dívida Pública. Constituída por especialistas equatorianos e internacionais, a Comissão foi incumbida de analisar todos os empréstimos contraídos. A sua missão: determinar que impactos positivos tinham sido produzidos por esses empréstimos na sociedade, ecologia e economia equatorianas.
Surpreendentemente ou não, o que o trabalho dessa comissão revelou foi que grande parte desses contratos de crédito tinha sido estabelecida à sombra da desejada legalidade. Solidamente sustentada por provas e pareceres de juristas equatorianos e internacionais, a ilegitimidade de grande parte da dívida forneceu ao presidente Correa o argumento para apresentar aos credores do país a seguinte proposta: ou aceitavam o reembolso de entre 30 e 35% do capital reclamado ou teriam de recorrer aos tribunais para exigir o pagamento do restante. Ainda mais surpreendentemente, mais de 90% dos credores aceitou a proposta.
Não faltou na altura quem se afligisse com a situação do país. Hoje o Equador apresenta níveis de crescimento que fazem inveja à maior parte dos países europeus. Talvez por isso, ou porque à media financiada não convenha muito divulgar exemplos destes, pouco ou nada se fala deste caso na Europa.
Que o facto tenha ocorrido no Equador não deixa de ter o seu simbolismo. Por uma vez o país deixou de ser visto como a linha onde Norte e Sul se encontram ou separam. E pode hoje reclamar o direito de ser visto como o exemplo de que há uma linha a partir da qual quem deve, não deve temer defender os seus interesses.
PS
Infelizmente ainda não consegui encontrar o Relatório produzido pela Comissão de Auditoria Integral do Crédito. Para todos os que estiverem interessados em aprofundar um pouco melhor o tema, aqui ficam alguns links:
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