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Os tempos estão a mudar. As revoluções da Tunísia e do Egipto, as convulsões na Grécia, na Islândia, em Inglaterra, no Médio Oriente, no Norte de África e mesmo em Portugal, na sequência do 12 de Março, provam que há muita gente que já não vai na cantiga dos sacrossantos mercados, dos banqueiros e dos políticos ao seu serviço. Parece que se perdeu o medo de sair à rua. E nem tudo se explica pelas condições económicas. Há um novo homem que se levanta, que reclama a vida, que não aceita mais ser escravo de coisa nenhuma. Ainda está confuso esse homem, ainda não se libertou totalmente das leis do mercado e da mercearia. Mas, sobretudo a juventude, tem protagonizado uma luta não dirigida, sem chefes nem partidos, uma luta que lembra o Maio de 68 e o grito de Jim Morrison há 40 anos atrás: "We want the world and we want it NOW!" É desses passos em direcção à liberdade dados por gente de vários locais do mundo que tentaremos dar notícia, de forma a que não nos sintamos a caminhar sozinhos e também para que busquemos inspiração nas ideias uns dos outros.

Wednesday, May 25, 2011

Equador. A linha que separa a dívida do roubo

Uma das primeiras medidas tomadas por Rafael Correa em 2007, quando assumiu a presidência do Equador, foi empossar uma Comissão de Auditoria da Dívida Pública. Constituída por especialistas equatorianos e internacionais, a Comissão foi incumbida de analisar todos os empréstimos contraídos. A sua missão: determinar que impactos positivos tinham sido produzidos por esses empréstimos na sociedade, ecologia e economia equatorianas.
Surpreendentemente ou não, o que o trabalho dessa comissão revelou foi que grande parte desses contratos de crédito tinha sido estabelecida à sombra da desejada legalidade. Solidamente sustentada por provas e pareceres de juristas equatorianos e internacionais, a ilegitimidade de grande parte da dívida forneceu ao presidente Correa o argumento para apresentar aos credores do país a seguinte proposta: ou aceitavam o reembolso de entre 30 e 35% do capital reclamado ou teriam de recorrer aos tribunais para exigir o pagamento do restante. Ainda mais surpreendentemente, mais de 90% dos credores aceitou a proposta.
Não faltou na altura quem se afligisse com a situação do país. Hoje o Equador apresenta níveis de crescimento que fazem inveja à maior parte dos países europeus. Talvez por isso, ou porque à media financiada não convenha muito divulgar exemplos destes, pouco ou nada se fala deste caso na Europa.
 Que o facto tenha ocorrido no Equador não deixa de ter o seu simbolismo. Por uma vez o país deixou de ser visto como a linha onde Norte e Sul se encontram ou separam. E pode hoje reclamar o direito de ser visto como o exemplo de que há uma linha a partir da qual quem deve, não deve temer defender os seus interesses.

PS
Infelizmente ainda não consegui encontrar o Relatório produzido pela Comissão de Auditoria Integral do Crédito. Para todos os que estiverem interessados em aprofundar um pouco melhor o tema, aqui ficam alguns links:





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